sexta-feira, 29 de maio de 2020

Amizades de infância após os 30



Estava aqui pensando sobre as pessoas, esses seres bem estranhos e complexos. Recentemente uma pessoa que foi muito, extremamente importante para mim na minha infância e adolescência, uma das primeiras pessoas que eu chamei de "melhor amiga", entrou em contato. Perguntou por algo simplesmente trivial ou irrelevante, um serviço.

Há mais de dez anos éramos inseparáveis, mas o final da adolescência, e a necessidade de nos tornarmos indivíduos únicos e "adultos"  nos separou. Ela estava na faculdade e tinha seus novos e velhos amigos próximos e eu estava buscando meu próprio caminho, diferentemente deles.Não vou dizer que não me esforcei, tentei ou lutei. Eu chamei, convidei e insisti, mas não teve uma resposta. Quando chamei para um café para conversarmos e nos atualizarmos sobre a vida, ela trouxe outra pessoa para a reunião e soube que aquele laço que achava que tínhamos, havia ficado para trás.

E parei de ligar, chamar ou convidar. Parei de dar parabéns, parei de me esforçar. E assim nos distanciamos tanto que, anos depois eu já não reconheço mais essa pessoa, essa lembrança de quem um dia já foi.

O que eu vejo nesse exemplo e em muitos anos, e não se enganem, eu não tenho tantos anos de experiência para ser uma velha sábia,longe disso, é que nós lembramos de várias pessoas pelos recortes, por quem elas foram e como nos afetaram em determinados momentos em nossas vidas. Nós já não somos mais os mesmos que estiveram naquela foto e a pessoa também não é.  Evoluímos, involuímos, aprendemos e desaprendemos.

Sabe o que mata? Sempre? São as malditas expectativas que colocamos em cima dos outros ou, bizarramente, em cima de memórias que temos de quem queríamos que as pessoas continuassem sendo. Elas não são mais, nós não somos mais. O outro pode olhar para nós e ver que já não temos mais o mesmo clique. Os assuntos já não são os mesmos. Os caminhos completamente opostos.

Para finalizar e botar uma faísca de carinho neste texto.  Tendo dito tudo isso, eu ainda gosto de como eu vejo uma foto ou acesso uma lembrança e sou grata por quem aquela pessoa foi no passado e realmente espero que essa pessoa esteja feliz. Meu coração se aquece pela amizade que tivemos e como aquilo impactou até hoje. Podemos não nos conectar mais hoje, dez anos depois, mas me importo.


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