sábado, 10 de outubro de 2009

Dear Diary: Conhecendo São Paulo

Foi em uma sexta feira. Decidi cabular aula para ir ao aniversário de um amigo. Um novo amigo na verdade, estávamos naquela fase da nova amizade onde não faz muito tempo que se conhecem, mas as coisas “Just clicked” e tudo é engraçado e exatamente o mesmo que acontece com a pessoa acontece com você, nada é entediante, todos os novos amigos que vem no pacote são incríveis e os grupinhos se completam. Você olha para a amizade antiga deles e pensa que queria ter algo igual, e é provável que você tenha e então você sorri sabendo que tem.
Confuso? Dúvidas? Pergunte à escritora, no caso, eu! Não sei se explico melhor depois, talvez não. Voltando à historia, eu e alguns amigos velhos fomos ao restaurante com os amigos novos, nos divertimos, rimos bastante e aquela coisa toda. Fato estranho 1 da noite: demoramos mais de 1 hora para escolher os pratos! A coisa mais ridícula que se pode fazer em um restaurante! Logo, depois de muito, mas muito tempo, decidimos ir embora. Não tinha sido uma tortura, longe disso, porque quando as pessoas se divertem o tempo passa rápido, mas é que para cada decisão uma missa se desenrolava, mesmo para ir embora.
Lembrei que de manhã eu havia me perdido indo para a USP pois segundo a moça da rádio SULAMERICA trânsito, a Av. Bandeirantes estava um caos. Eu estava na Tancredo, prestes a entrar nela quando decidi entrar na rua Vergueiro, pois afinal seguindo reto toda a vida eu teria que sair na frente do Etapa e de lá a Paulista e tal. Acabei saindo em ruas estranhas, liguei para o meu pai que me aconselhou sabiamente e eu acabei saindo na Domingos de Moraes! Meu pai disse qual o lado da avenida que eu deveria entrar, deveria ter prestado atenção. Segui o lado que me pareceu mais conhecido. Acabei indo para o lado errado e quando percebi perguntei para um velhinho rico em carro filmado que estava do meu lado. Ele confirmou que a Paulista era para o outro lado. Fiz o retorno na rua de uma amiga minha (que eu não fazia idéia de como chegar lá), tentei ligar para todos que eu conhecia naquela área mas ninguém respondeu, felizmente acabei saindo na Paulista.
Tirei a lembrança da mente, afinal se perder tanto em um dia já tinha sido o suficiente, decidi ; levar o pessoal, afinal se fosse o contrário eu gostaria disso. Separamos-nos em 3 carros: amigos novos comigo, amigos antigos em outro e uma garota foi embora sozinha. Encontramos a saída depois de alguns minutos rodando no estacionamento vazio. Perdi a entrada para ir para a Paulista, que era a minha opção de caminho para chegar até a zona sul. Decidir pegar a ponte Eusébio Matoso e ir pela Avenida dos Bandeirantes, vulgo meu caminho da roça.
Seguimos em paz pelo semi trânsito a meia noite na Bandeirantes. Encontramos a entrada para a casa do aniversariante, inacreditavelmente acertamos o caminho até a casa dele, digo, apartamento, pois seu apelido é “menino-de-prédio”.
Então, começou a rolar um pânico! Eu não fazia idéia de como voltar para a minha civilização, ou qual o caminho que o Ferry deveria seguir. (Explicando: eu tenho uma teoria de que São Paulo é como o oceano com várias ilhas. Existe a ilha-minha casa, a ilha-Etapa, a ilha Vila Zelina, a ilha-USP e assim por diante... e para me locomover entre as ilhas eu entro em barquinhos que me levam até elas! Esses barquinhos podem ser ônibus, carro de amigos, etc. Ou então eu pego o Ferry Boat que é meu carro e que só faz o mesmo caminho zona leste-USP por 2 rotas e apenas 2 rotas diferentes.
Eles tentaram me explicar a rota de fuga, eu entendi, não que a mensagem não tenha se auto-destruído em 5 minutos, mas eu entendi.De qualquer forma fiquei com o telefone ( a cobrar) marcado na discagem rápida do meu celular para ligar para o niver-boy assim que estivesse a salvo. Descer a primeira rua à esquerda, passar por uma voltona em U seguir reto (quando eu estava nesta parte da história começaram algumas bifurcações mas eu achei prudente seguir o fluxo de carros e acabei saindo no lugar certo) e chegar em um Bingo velho e abandonado. Encruzilhada!!! O que fazer a partir daí? Ai meu Deus! Seguir reto? Esquerda? Ou direita? O que foi que eles disseram? Algo sobre direita! Isso! Era entrar à direita? Ou não entrar? Ahhhhhh decisão rápida! Entrei!
Liguei para ele para me gabar da minha super habilidade de fazer o caminho certo. Entao eu descobri que não conheci a avenidona em que eu estava... Rápido reconhecer alguma coisa em volta: Centro de Convenções Imigrantes!!
O que isso significa?- Eu gritei no celular. A verdade me acertou! Eu estava indo para a praia!! Como? Droga Droga Droga! Tentei desesperadamente ligar para meu pai e descobrir um retorno. Estava um trânsito infernal! Um acidente imenso tinha acontecido no meio da estrada. Achei um retorno.... tive que pagar um pedágio, poucos reais, mas paguei. Gritei desesperada com o carinha do pedágio! Como eu chego em casa? Ele me deu algumas orientações, fato, eu ainda pediria ajuda para muitas outras pessoas naquela noite.
Acabei saindo em Diadema, na procura de São Bernardo ou de São Caetano. Cheguei na Cupacê, com seus trechos sombrios e quebradas. Estava com muito medo. Enquanto isso eu berrava no telefone com o aniversariante e seu fiel escudeiro que tentavam me encontrar no mapa, mas sempre alguns segundos depois de eu passar por várias outras ruas. Cheguei em um lugar que parecia um bosque. Medo! Só me falta sair no meio do mato. De alguma forma eu acabei chegando na 23 de maio. Perfeito! Eu sabia que de alguma forma ela levava a algum lugar próximo de outro que eu conhecia. Vi o Centro Cultural Vergueiro e quase dei pulinhos de felicidade! Vi uma placa – zona Leste e Centro- mas achei mais inteligente seguir mais um pouco pois com certeza haveriam outras placas.... engano meu! Não havia mais nenhuma placa indicando zona leste! Ahhhh Acabei no centro da cidade! Vi um amarelinho! Estacionei atrás dele e buzinei euforicamente. Em algum lugar em Diadema eu tinha freado bruscamente e meu celular parado embaixo do acelerador. O “menino-de-prédio”tinha tentado me ligar, mas era inviável atender.
O amarelinho chegou no meu carro eu pedi 1 segundo para salvar meu celular. Posição desconfortável. Expliquei pela vigésima vez o meu problema, ele disse que me levaria assim que o parceiro terminasse de fazer não sei o que ali na frente. Eu suspeitava que era verificar se um mendigo havia morrido ou não... O amarelinho ia me salvar!! Ehhhh! Também ele me disse algo sobre rua São Caetano, ao que eu acenei e sorri: Sim São Caetano! Mas eu não fazia idéia de onde estava e enquanto eu seguia o carro dele vivi perigosamente falando ao celular no viva-voz ( alojado no meu colo). Passamos por algo que eu suspeito ser o mercadão, várias pessoas (homens) em caminhões descarregando e carregando caixas em um breu sombrio, caminhos estreitos.
Saímos no centro da cidade, becos sem saída, ruas desertas, apenas eu e o carro do amarelinho. Porque sim, era bem possível que eu conseguisse sair dessa sozinha,... nem precisava do meu guia. As ruas a minha volta pareciam muito convidativas à um assassino saído de um romance inglês. O fog londrino era substituído pela chuva rala que não me deixava enxergar direito.
Radial Leste!! Yay!! Caminho conhecido! O amarelinho deu seta para a direita. Eu achei estranho. Eu estava andando meio torta e ziguezagueando na rua, porque estava tentando ler as placas. Será que ele iria me multar? Ah Meu Deus! Mas eles pareciam tão bonzinhos! Devem saber que eu sou uma cabeça-de-vento! Eles deram seta para eu encostar olhei de relance para o banco do passageiro, este me fez um não com o dedo! Não o que???????
Eles entraram em uma rua a direita. Não era o meu caminho conhecido, segui por ele... Será que eu levei multa? Por que? E será que eu os desapontei fazendo um caminho próprio? É que eu estava na Mooca, meu! Mas antes de chegar em casa eu ainda peguei um desvio no caminho conhecido e criei um atalho estranho. Passados das 2 da manhã eu cheguei na minha cama, fechei os olhos e desacreditei no meu dia. Quem não queria conhecer São Paulo assim?