domingo, 29 de janeiro de 2017

“One night stands” – A adrenalina da caçada.


 Ficar com alguém por só uma noite.  Conquistar alguém. Saber que tem o poder. A adrenalina da caça.

Ele se sente só. Quer sentir seu corpo vibrar, se aquecer, a circulação acelerar e as veias pulsarem. Ele liga para os amigos: “Vamos marcar uma caçada”.

O dia chega, as horas se passam e a ansiedade enche seu peito. Será hoje a noite. O grupo se reúne. Todos vestindo os trajes típicos e adequados para o meio, e será uma selva lá dentro. Cada um tem seu objeto de sorte. Um colar, uma pulseira, um perfume. Uma camisa da sorte.

Eles chegam em um grupo. Respiram fundo. Procuram sua presa. Ficam a espreita até fazerem contato visual. Ninguém se mexe. Um não pode assustar o outro. Ele avista sua presa. Ela é perfeita. É tudo o que ele deseja. Os dois se movem então no mesmo ritmo e na mesma direção. É uma dança calculada. A caça não sabe o porquê mas se sente envolvida pelo caçador. Ele sabe o que faz.
Ele se separa do grupo e rasteja mais próximo para ter alcance do tiro. Passa pelos obstáculos e bebe do cantil. A boca esta seca e o líquido lhe dá coragem.  Ele mira e dispara o tiro. Naqueles segundos que passam entre o dedo acionando o gatilho e a reação da caça, o coração pula uma batida. O mundo para.

Ela retribui, dá a abertura necessária, é o movimento do corpo, é o cabelo jogado, é a piscada, é a mão no pescoço fazendo charme. É a mão dela na perna dele. Ela se inclina em sua direção. Ele saca a adaga e finca em seu flanco. Ela se derrete e se solta. Eles se beijam e se enlaçam. Os corpos se aquecem. A adrenalina flui entre eles e através deles.

Já não estão mais na selva. Estão em sua clareira particular. Só existem os dois e mais ninguém. Ele a envolve, ele se esforça, ele sua e sente as gotas acariciarem suas costas. Ela devolve e arranha a carne.Ela também tem sede. É uma luta. Finalmente o sangue quente jorra e ele termina sua caçada.
Ele respira fundo e sente o corpo todo vulnerável e leve. Aquela sensação sublime. Em um segundo tudo passa. Tudo volta ao normal. Seus músculos doem agora que a adrenalina se foi. Os braços enrijecem. As costas e as pernas falham. Então, ele a deixa correr novamente por entre as árvores. Ela olha para trás. Os olhares se cruzam, ela vira e continua seu destino.

Ele volta para casa. Sozinho. Seu vício pela energia e pelo êxtase preenchido neste momento. O vazio ainda está lá. O prazer foi muito grande desta vez. A dificuldade, os obstáculos, a incerteza. A próxima caçada terá que ser maior. Mais desafiadora e mais incrível. Só assim ele irá...

Ele irá o que? Conseguir o que precisa? O que lhe falta? O que ele realmente quer? O desafio.


quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Carpe Diem?


“Não era pra você se apaixonar
Era só pra gente ficar
Eu te avisei
Meu bem, eu te avisei
Você sabia que eu era assim
Paixão de uma noite que logo tem fim
Eu te falei, meu bem, eu te falei”



Que atire a primeira pedra quem nunca passou por isso. POIS É. Vou contar uma história que aconteceu com a amiga de uma amiga minha, não comigo, porque quem quer assumir que já se apaixonou por quem só queria curtir o momento?

Era uma vez uma bela MENINA que queria só ir ao cinema com a AMIGA e a AMIGA resolveu encurralar a MENINA em um temido Double Date misturado com um encontro às escuras. A MENINA só queria passar um tempo com a AMIGA e de repente a AMIGA ia levar o “PEGUETE” e um AMIGO dele. Deu para acompanhar?

A MENINA não se interessou pelo AMIGO para nada além de uma amizade. Ele parecia bem simpático e muito legal de se conversar. Muito bem. O AMIGO ficou afim da MENINA e queria de todo jeito sair com ela de novo. Ela não queria, resistiu bastante, até que saíram os quatro novamente e ela resolveu ver se tinha química. E tinha.

Depois disso o moço sumiu, ou pelo menos parou de correr atrás, mandar mensagens, etc. O que aconteceu? A MENINA ficou afim... Agora me explica o que mudou? Cada vez que o AMIGO marcava e sumia ou não mandava mensagens a MENINA ficava mais intrigada e enroscada. Ela estava apaixonada? Acho que não. Mas estava bem interessada e o interesse crescia a cada beco sem saída que ela encontrava.

Por que esse interesse por quem não corre atrás? Por que quando alguém te dá um gelo, mais você quer a atenção? Por que, se você fosse um observador, ao ver essa situação, fica claro que ele “simplesmente não está afim de você”, mas você não consegue parar de sentir vontade de ganhar o AMIGO?  Seria orgulho? Receber um não fere. Dói. Seria posse? A MENINA tinha o AMIGO nas mãos mas deixou ele fugir. Seria autoestima? O fato dele não demonstrar interesse faz com que ela sinta que o problema é ela ou algo que ela fez. Seria a vontade de vencer? É difícil aceitar quando as coisas não saem bem como você esperava.


Queria entender o que acontece no cérebro de pessoas tipo A que conseguem ficar com alguém e simplesmente ligar a “chavinha” do carpe diem. Enquanto isso pessoas tipo B já pensam nos próximos passos, por que começar algo que será momentâneo e não agrega nada? Como aproveitar o momento sem pensar nas consequências? Como ficar, sem se envolver?