quarta-feira, 31 de março de 2010

Os sentimentos mais primitivos


Os sentimentos mais primitivos são aqueles que mais afetam as pessoas. O coração dói, a mente fica nublada, o julgamento tendencioso.
O que motiva uma pessoa? Qual é a força que surge de sabe-se-lá-onde que dá a energia para se mover, para falar, pensar...

A paixão pelo que fazemos nos traz a determinação para tentar, mesmo que seja óbvio o fracasso.Encontram-se chances e oportunidades onde sequer existe uma ação, uma palavra. A paixão floresce nos mínimos e invisíveis detalhes. Cresce no mistério, no desafio, na conquista do inesperado.A paixão nos dá a primeira energia de ativação, é a primeira alimentação. A paixão pelo que fazemos, pelo que somos e pelo que queremos. O corpo arde e queima com essa energia, enquanto não houver a saciedade somos apenas seres ansiosos e inquietos, impacientes pelo objetivo. A paixão é aquele vívido vermelho estampado em profusões e movimentos rápidos e irritadiços, é um quadro abstrato e forte.
O ódio é amargo e prende a garganta. Ele causa decisões rápidas e impensadas. Decisões que querem levar para baixo, mas com alguém junto. A vingança é o mais próximo dele, não quer estar sozinho, quer fazer alguém pagar, ele não acredita que estar nesta situação seja justo. É um trovão de raiva e desespero. Uma vontade de causar dor física e peito cheio, pesado e doloroso, quer causar a dor. Desprezo.Desgosto e NOJO. Algo te causa uma repulsa tão incrível que a única vontade é de baní-lo para sempre, mas mantê-lo por perto. O ódio é uma noite escura e com neblinas onde se vê apenas uma luz no fim do túnel, um caminho único e cego na escuridão.
O amor é tênue, sublime e belo. Tanto já se discutiu sobre o amor que acaba sendo redundante e ridículo discorrer sobre ele. Entretanto o estado de elevação que a pessoa se encontra quando ama é algo fantástico e inacreditável! A felicidade flui nas veias, o sorriso estampa a face serena. Nada, simplesmente nada, pode dar errado, ou então tudo dará errado, mas será para para o melhor. Tudo no cosmos conspira para o bem e para a paz suprema. Tudo brilha e tudo é perfeito e a trilha sonora é a do fim de filme com a legenda felizes para sempre,... mesmo que ninguém tenha alcançado o objetivo,... tudo foi perdoado, tudo está resolvido, é o final da história. O amor é aquele quadro da casinha no campo,borboletas voando no pôr-do-sol com tons de lilás.
O ciúme, esse sentimento egoísta e insuficiente, causado pela incerteza. É tão puro e comum que chega a ser errado rotulá-lo como "errado", pois o que é mais inerente ao ser humano do que a insegurança? Bobear antes de uma decisão, não acreditar em si mesmo, não acreditar no outro? Que seres perfeitos que somos que não aceitamos as próprias verdades? O ciúme não é ruim, é uma prova do sentimento, um feedback acertado, uma confirmação de sentimento inconsciente. É de se pensar que o ciúme não é culpa de quem o sente e sim de quem o causa, já que este está dando provas para causar a dúvida. Aquele que vive no ciúme, está perdido e se sente em um abismo negro e confuso, não vê a luz do dia e o brilho nos olhares, pois seu coração pode estar despedaçado. O ciúme é um quarto branco sem janelas. Olhar fosco e perdido, um louco perdido em seu próprio mundo, branco, branco e branco.
A decepção.Cair, cair. Sentir-se vazio e exaurido de qualquer sentimento. Não sentir, não se mover, não conseguir pensar, não saber fazer as escolhas. Tudo o que foi feito até agora foi errado. Nada teve sentido, então, por quê insistir? Por que tentar? Por que acreditar? Não existem mais caminhos, as portas que haviam, se trancaram, a pessoa está só. Ao mesmo tempo, o coração se aperta, uma claustrofobia do mundo cresce. Estar preso dentro de si mesmo, de suas próprias escolhas. O peito está cheio de um líquido pesado, a garganta se fecha, respirar é difícil, tudo é difícil. O peso do mundo nas costas, simplesmente não há opção, pois tudo foi descartado.Dói, dói e mata. A decepção é um quadro de uma viúva solitária e vestida de preto e vinho, abandonada em uma sala vazia com a luz entrando pelas janelas empoeiradas. Não há portas no cômodo.Tudo está morto. Os sonhos se foram.
A esperança é aquela pequenina semente que todos negam ter e que todos sabem que tem e sabem bem onde está. Ela é cultivada em segredo num local seguro dentro de cada um. Depois de um tempo no desespero e perdido, a semente começa a crescer. Ela se alimenta da dor e da tristeza. Ela cresce e quando menos se acredita ela traz a chave para a janela trancada e logo mais a liberdade e os campos ensolarados estão presentes novamente. Ao se olhar para cima encontra-se uma montanha, a mais alta já vista. A semente te manda fazer apenas uma coisa. Escalar a montanha e chegar no topo. Todos os sentimentos se juntam, se somam e te fazem querer ir ao topo, afinal ele sempre esteve lá e sempre esperou, alcançá-lo é plausível, basta apenas dar o primeiro passo. A esperança é louca e insana, não mede o tamanho de seus passos, apenas mostra que o caminho está a frente, basta querer seguir por ele... o quadro é de um alvorecer colorido amarelo e intenso.