quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Então você acha musicais fúteis e inúteis?

Você torce o nariz quando ouve falar de musicais? Acha que são firulas, paetês e piruetas? Que de forma alguma pode acrescentar mais na sua vida além de achar colorido, bonitinho e no máximo “Olha como a orquestra é bonita”. Reveja seus conceitos, “parça”. Posso ter a visão um pouco enviesada a favor desse gênero teatral, mas vou analisar uma parte que, por puro lag meu eu só reparei, só tive o insight recentemente. Você já reparou como as letras das músicas dos musicais querem dizer MUITO MAIS do que realmente parecem?

Vou comentar sobre Rent, Avenida Q e mesmo Wicked, que representa um pouco dos clássicos e mostra que por trás da história da Dorothy e do Totó tem muito mais embaixo do tapete.




Rent. Já ouviu falar? Vejo nas mídias sociais que está começando a aparecer uma ou outra sugestão de que haverá uma montagem em breve. Por favor, este é um musical de 1996, mas ele não poderia ser mais atual. Seu elenco principal tem um diretor frustrado com a carreira querendo fazer arte mas não podendo se sustentar, uma atriz livre e bissexual que se casa com uma advogada séria demais, um rockeiro hétero que tem AIDS e é traumatizado porque a ex namorada se suicidou, uma dançarina de striptease que tem uma overdose, um ex professor do MIT que também tem AIDS e um travesti que é a pessoa mais sábia e centrada do grupo e que une e inspira a todos. E tem o outro lá que ninguém gosta muito que é o cara que quer fazer todo mundo pagar o aluguel e se esquece de que alguns meses antes era amigo próximo da galera. Preciso falar mais? Talvez o assunto AIDS não esteja mais tão em evidência quanto em 1996, mas e a representatividade? Cada letra, cada música mostra uma cara da sociedade que não é a que é a mais vista por aí. Cada anseio, cada dor e cada sonho. O musical mostra um ano na vida dessas pessoas e como tudo que realmente importa é o amor entre elas.



Avenida Q. “Ah, aquele musical que tem os marionetes, né? Não é para criança?”. Então. Não. A não ser que você julgue os temas frustração amorosa, sexo, pornô, racismo, preconceito, desemprego como temas infantis. Acho até justo introduzir o assunto com as crianças, mas não é esse o público alvo, não. O musical fala do começo ao fim sobre tabus. Descaradamente. Frustração emocional e profissional é só o plano de fundo. O detalhe. O musical encontra de uma forma lúdica e descontraída, cheio de ironia e sarcasmo, mostrar como as pessoas realmente são e fingem não ser e como viveríamos em um mundo muito melhor se todo mundo assumisse seus defeitos. Exemplos dessas letras são: “Todos são um pouco racistas” – me fala quem não é? Até as minorias são preconceituosas com alguma outra minoria ou maioria, ou vai dizer que você não olha um “coxinha” com camisa pólo e já pensa que só porque fala TOP vai ser insuportável? Não é aquele preconceito extremo, mas é. Pronto, assume.  Outra parte fala de como todos gostaríamos de voltar para os anos de escola onde tudo já estava planejado, trilhado e controlado para a gente. Mas não dá, né? E o “show” termina com a super mensagem de que mesmo que tudo esteja um lixo, não se preocupe, realmente tudo é passageiro. As coisas ruins e as boas também e talvez você nunca encontre seu propósito na vida. Ah, mas é um show de marionetes NÉ?



Agora, para finalizar. Wicked. “Ah, o musical do Mágico de OZ, né? É tão bonito”. É, é beeeeem bonito. E talvez nem um pouco polêmico quanto os anteriores. Entretanto, para mim é o que mexe na alma, ali, onde está escondidinho e quietinho. Cada um se identifica com algo que te causa emoções diferentes, mas gente. Sério. O musical é sobre uma pessoa VERDE. O que significa ser VERDE? Significa ser diferente por qualquer razão. Significa sofrer bullying, preconceito, ser privada de muito porque é simplesmente diferente. Tem a atriz linda, loira e perfeita. Estereotipicamente burra. A Verde é a inteligente. Tá, e daí? E daí que a amizade delas se torna tão importante e o que uma aprende com a outra torna as duas melhores. Significa que dá para evoluir se houver a oportunidade. E tem aquela coisa, a Verde se apaixona pelo namorado perfeito da Loira mas não se acha  boa o suficiente para nem poder considerar a possibilidade dele olhar para ela. Quem não tem um probleminha de autoestima baixa que atire a primeira pedra.

Por outro lado, a música que mais me fez pensar e me inspirou foi a do homem lindo, perfeito e burro, que no decorrer da peça se mostra íntegro e leal.  Ele canta uma música sobre como é bom ser burro, não pensar, não se importar. Levar uma vida sem cobranças, sem stress e sem tentar ser algo que não é. “A vida dói menos para quem pensa menos” Qual a sua primeira impressão? Bom, vou te contar a minha e essa é a minha confissão hoje. No começo sempre achei esse personagem um idiota e certa a Verde que era toda nerd e controladora, que se preocupava com tudo e todos e em se destacar por seu intelecto. Depois de alguns anos sofrendo de ansiedade, stress e um pânico por não ter o resto da vida planejado eu comecei a ver a letra de “Dancing through life” com outros olhos. Quem é mais FELIZ? Quem realmente se aceita? Lendo de novo. “Quem pensa menos, sofre menos”. 

Entenda esse pensar como se preocupar, surtar, ficar ansioso. Obviamente que não podemos ser 100% assim, porque a vida não deixa, temos as obrigações diárias, mas é o que todo livro de Bem-Estar e autoajuda do século 21 prega! E o nosso primeiro PRECONCEITO é julgar o personagem por ser muito “de boa” com a vida. Irônico né? Ah, mas vamos lembrar que tem a Dorothy e o Totó... e é só um show bonito.

Alguém explica?

Ultimamente ando percebendo uma tendência no mundo dos relacionamentos... ou dos quase relacionamentos, ou proto-relacionamentos.

Os homens estão acomodados. Ou seria uma tática de guerrilha?
Por que diabos eles não correm mais atrás? E não, não estou falando só por mim, estou falando por muitas mulheres.

Está muito fácil? As mulheres estão roubando o “prazer” da caça? Eles estão delegando a tarefa? Só o que eu ouço são, de uma forma bem feminista e independente, as mulheres indo atrás do que e de quem querem.

A impressão que fica, entretanto, é a de que elas estão mandando as mensagens quando bem entendem, sem regras de três dias depois do encontro ou se “ele falou por último agora é minha vez” e vice-versa, elas chamam para sair, escolhem o lugar para onde  vão, dão carona e levam em casa, puxam o freio de mão e dão um beijo de boa noite.

Até ai, chamar a responsabilidade para si não é problema, não preciso depender de ninguém, porque: 1)o não eu já tenho e não estou afim de esperar para ver se vai dar certo e 2)eu tomo as rédeas da minha vida, sou prática.

O problema começa quando não temos feedback, nenhum, deles. As vezes as mulheres deixam claro que NÃO querem um relacionamento sério e só querem se divertir e mesmo assim eles não tomam iniciativa de propor alguma coisa e muito menos respondem os convites (rápido ou de um modo interessado), parece uma tortura olhar o celular e responder. Já vi mais de uma vez a mulher perguntar: “E aí como esta sua vida nesse fim de semana?” e o cara simplesmente não responder ou dizer depois que ela que não falou mais com ele, mandando carinhas tristes. O que está acontecendo? 

Seria insegurança deles? Seria o cara te deixando em “banho-maria”? É porque ele está administrando sair com várias? Por que eles acham que somos malucas correndo atrás de relacionamentos, esperando casar e engravidar em menos de um ano?
Sim, algumas mulheres querem um relacionamento e acredito que uma meia dúzia de caras também queira senão não teria mais nenhum casamento sendo agendado por aí. Isso é normal e não explica essa “preguiça” ou falta de vontade por parte deles. Se eu te perguntei se podemos sair no fim de semana é porque eu tenho uma agenda a  montar e não porque estou te perseguindo, só quero planejar as coisas, não quero ficar sentada esperando você se decidir de última hora. Se você não estiver livre eu também não quero estar, e assistir Netflix é super importante para estar socialmente incluida. 

Agora se você me chamar as 3h am e eu já estiver ocupada não venha me culpar e dizer que eu que não estou interessada. Estou te dando todas as chances de receber um invite  para o meu calendário.

A resposta: “ele simplesmente não está afim de você” poderia se encaixar, mas a frequencia é tão grande que dá para fazer uma análise estatística. Agora, por favor, alguém me explica por que dificultar o que poderia ser tão fácil?